“COMPROMISSO UTÓPICO E BANALIZADO”

27/07/2010 00:00

    Pode parecer estranho, mas 2012 já começou. Politicamente falando, pelo menos. É o que percebemos ao analisar friamente as duas principais candidaturas colocadas em Niquelândia, na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa, em Goiânia, a partir de 2011. Novamente, os dois grupos que rivalizam o poder na cidade abriram o confronto direto. De um lado, a candidata da situação, meiga, educada e cativante, alicerçada pelo poder da máquina administrativa. Do outro lado, o candidato da oposição, firme, sorridente e contundente, ávido para reconquistar o espaço perdido desde 2004. A candidata da situação é um factóide: não queria se lançar na disputa, por ela própria reconhecer que precisava concluir os trabalhos que desenvolvia como secretária na administração do marido e prefeito da cidade. Mas entrou na disputa, mais pelo entusiasmo de um parlamentar da Câmara Federal que dá sustentação política ao casal, em Brasília e em Goiânia, do que por acreditar em suas reais chances de vitória. Aposta que terá 15 mil votos somente em Niquelândia, sua cidade, seu berço, mas tal número parece ser inimaginável, já que nenhum candidato do município, nem mesmo o atual prefeito, atingiram tal nível de popularidade: quase 10 mil votos em 2008. Ou seja, se ele não é o Lula, ela também não é a Dilma: a popularidade de ambos é surreal, inventada por mecanismos mirabolantes para ganhar os holofotes da mídia, às expensas do dinheiro público. E ela também disputa a eleição por um partido que exige pelo menos 20 mil sufrágios para garantir a vitória, o que representa uma dificuldade adicionla. Falando em votos, o ex-prefeito que governo a cidade por oito anos em dois mandatos, quer também ressurgir das cinzas, alcançar 20 mil votos e ter uma vitória tranqüila. Com 13 mil votos, porém, ele próprio acredita que estará eleito. Foi, como todos sabem, o último representante da cidade de Niquelândia na Assembléia Legislativa, no distante 1994. Dois anos depois, não cumprindo com o compromisso outrora assumido, deixou a cidade sem representante no Palácio Alfredo Nasser para virar prefeito, em 1996. Agora, tenta ser deputado de novo. Se ganhar, o que será bem difícil, o mínimo que se espera é que ele, autoridade policial licenciada e novamente revestida de autoridade política, cumpra seu mandato até o final, durante os quatro anos, se lhe forem outorgados, até o final de 2014. Um deles até poderá sair vencedor desta guerra política, mas no geral, toda a população de Niquelândia perde com o acirramento da disputa, pois a busca pelos votos nesta eleição não é, como os dois candidatos estão dizendo à exaustão, a busca pelo mandato para representar a cidade em Goiânia e trazer recursos do Estado em forma de obras para Niquelândia. Até porque, vale dizer, sendo a sétima economia do Estado de Goiás, segundo levantamento divulgado este ano pela Seplan, com Orçamento anual de R$ 100 milhões, o município de Niquelândia não precisaria “passar o chapéu” para nenhum político, para nenhum governador, seja qual for o novo mandatário do Estado, para conseguir recursos extras às necessidades da cidade. A eleição para deputado estadual em Niquelândia é feita para, pura e simplesmente, preparar o terreno para 2012, para a nova guerra da eleição municipal. Com políticos de segunda classe, tanto na oposição como na situação, os niquelandenses natos e pessoas de fora que, como eu, abraçaram essa cidade para viver, continuarão na pasmaceira, esperando por dias melhores que nunca chegarão. O compromisso com a cidade é utópico e banalizado. E a renovação política não ocorre em Niquelândia porque, infelizmente, já se foi o tempo em que a eleição era ganha no gogó, na conversa, no discurso. Alguns “coronéis”, felizmente, também já foram para o outro lado do mistério, morar com Deus, que é Deus justamente por agüentar não só as boas mas também as más-companhias. Fora isso, para se eleger, mesmo para vereador, é preciso de muito dinheiro, oriundo seja de onde for, seja para uma campanha bem estruturada ou até mesmo para comprar votos, de forma ilícita, pagando conta de água, de luz, dando gasolina, álcool, botijão de gás, cerveja e até mesmo cachaça. E as pessoas bem-intencionadas, que poderiam mudar a história da cidade cumprindo bons mandatos, acabam não chegando ao poder, por não dispor das altas cifras que amparam seus algozes, os dinossauros da política da cidade.  O que se espera é que, no mínimo, povo de Niquelândia não saia derrotado desta eleição. Quem viver, verá.

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